. setenta e dois .

Data 18/12/2009 19:21:30 | Tópico: Textos







e então o corpo correu pela praça, sentou-se membro por membro no passeio e começou a soletrar o asfalto. primeiro foram as pedras depenadas que nem pombos, depois um ou outro charco salgado como uma lágrima e, mais tarde, já a noite lhe comia as peles, ergueu-se nas palmas e desceu a rua, foi sentar-se à margem de um coração, sem fazer barulho, para não acordar os ventrículos. no fundo sempre foi um contador de histórias sem boca, fala com os dentes rente aos pés, perde os sentido e, antes de adormecer, encosta as orelhas ao lado esquerdo do peito.




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