" Auto-Delete "

Data 21/12/2009 16:25:52 | Tópico: Prosas Poéticas

cercam-me os dias secos, enquanto destilo incongruências como se delas pudesse eu fugir. só me apetece deitá-los em fossos de inutilidades obrigatórias e escapar. neste rasto de espantos arrasto-me, tal ser rastejante pelos trilhos de um chão sagrado profanado. serei apenas um verme de estupefacção sentimental? um fóssil? essas aeróbias pedras no meu sapato. um fruto agreste? ao sentir meus poros inundados de texturas e cheiros que brotam dos fundões do amor.
tu sabes? eu não!
sim, esse amor que corre por rios de sons e quem passa ri, porque o deixo passar, não o bebo. não o respiro.agarro o nada.o vácuo, em perfeito estado aerofagia.hoje, percebo que sou gémea de um rio vestido de sede. não tenho nascente nem sequer um pequeno jardim de Inverno interior, onde possa beber de uma fonte petrificada. se ao menos pudesse eu regar de olhares e semear de cheiros as pedras rubras depositadas no meu peito com os efeitos cicatrizantes de aloé vera com que te estendes diante de mim.
Se ao menos pudesse eu, fechar os olhos lentamente e conseguir antecipar na palma da minha mão direita o nascer da “Supernova”

alguma coisa faria sentido? alguma coisa faz sentido?

o sentido desta sede insaciável que se amontoa diante da minha alma desidratada, enquanto o meu mundo de dentro fica em espera, adiando-se sempre, sempre…enquanto carrego na tecla auto- delete.



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