
Saudade
Data 27/12/2009 17:42:25 | Tópico: Poemas
|
Encharcam-se-me os sótãos abandonados nos ossos, labirintos de ideias, quebrados na solidão, abruptas falésias, desfiladeiros da morte, canções esquecidas, apagadas na bruma.
Segredo-me códigos translúcidos, na luz crepuscular, abafam-se-me as palavras inúteis, que olvidei, os meus ouvidos escutam-te, segreda-lhes o teu amor, palavras escorridas nos peneiros do tempo.
Há muito que queria ouvir, sons tardios no sangue, os perfumes que me trouxeste chegaram ao fim, vem, inebria-me uma vez mais, cheira-me o odor, cansa-me com a melodia triste das tuas costas rasas.
Os roseiras secaram, as flores partiram com os pássaros, as madrugadas já não trazem mais cores de azul, o sol já não nasce como dantes, faltam-se-me contas no rosário que desfio sem fim. Saudade.
|
|