DESEJO MISTICO 9

Data 30/12/2009 11:54:16 | Tópico: Poemas -> Amor

Acendo uma vela no breu da noite.
Deito-me…
Cansado, já dormes.
Fecho os olhos de mansinho
Como se dormisse.

A minha mão aberta semeia pomares
Nos teus peitos.
Os mamilos são frutos
Que os meus lábios sequiosos
Teimam provar.

Teu corpo é uma flor perfumada
Que Eva pariu
Para que o pudesse amar!

Abro os olhos sobressaltado.
A noite fria e insensível grita-me
Do mais profundo do seu âmago:
“- Acorda!
Esse amor não é natural!
De todas as coisas deus fez um par
Que se complementa
Quando os opostos se unem
Num único ser!”

Talvez seja por isso
Que quando respondemos ao nosso desejo,
Quando nos completamos num beijo
Somos um par na unidade do prazer…!

Mordo então o teu olhar ávido por me ter
Lambo o preconceito nas arestas do desejo
Com o corpo inflamado
Acaricio os teus lábios húmidos
Dilacerantes
Que vivem de todo o meu sentir
Que morrem em todo o meu desejar!

Assim vivemos nesta dança interminável
Como duas mariposas brilhantes
Rodopiamos sobre a nuvem da paixão
Como dois apaixonados dementes…

Dorme, meu amor,
Na serena paz dos duendes!

António Casado
Revisto para o Luso Poemas
1 Setembro 1984


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