...no contraditório

Data 06/07/2007 17:08:04 | Tópico: Poemas

No azimute da memória a madrugada dorme
sem sono
sem sede
sem fome
na indolência vegetativa, faz-se silêncio,
faz-se ao silêncio,
no tempo de um verbo que não escrevi,
de um verso que não vivi,
conjugado do Passado ao Infinito,
vocalizado no estremecimento, no arrepio,
no encrespo do corpo,
aplanado em planos líquidos
de águas paradas no convexo do mundo

...no contraditório,

lá onde se espigam os olhares das jangadas
aporticadas da cidade
por entre frinchas sem asas,
sem flama. Em chamas.
Labaredas incendiadas no pez das próprias feridas.

Já é tarde. Muito tarde,
a bola de fogo já mergulhou circular
no bojo côncavo do meu mar.
Salgado.
Sem pauta, sem notas,
resvalo agora da arriba sem estribos nem arreios.

Deslizo, extinta, em planuras de memórias,
entoadas nos bicos alaranjados de mil gaivotas.



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