
DESALENTO
Data 31/12/2009 22:44:22 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Nem dor nem luto A remorder de incertezas Apenas esta velada tristeza Apenas o olhar enxuto
Apenas esta angústia estranha Que sacode nervos e vontade Esta loucura tamanha Que me rouba a liberdade
Esta exagerada revolta Que num labirinto fascinado Busca não sei que ideal Já cansado de desilusões Amarroto as frustrações No cabo de um punhal
- Que ânsias de carnaval!
Esfumam-se as esperanças No lusco-fusco da primavera A noite é apenas a noite Para além de qualquer sombra Para além de qualquer espera!
Já não sou poeta… Que direito permite que sinta a poesia Que vem habitar-me a alma Como senhora do Porvir Anfitriã da ira e da calma?
A poesia vive de espíritos abertos Que num céu de fascínio Planam nas asas das cotovias – Não de homens como eu Que em cada “quase poema” Desgovernam a fantasia!
Nada me satisfaz nesta insone rebeldia De procurar entre as giestas A agulha viciada do meu norte… No desespero em que navego Não preciso de passaporte!
“Quase poema” Verdade sempre eterna Como a minha solidão…
“Quase poema” (Mito ou contágio)? No mar que é a poesia Sempre naveguei junto às rochas Para assistir de perto ao meu naufrágio!
António Casado Inserido no projecto "Escrito ao Luar" 31 Outubro 2003
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