ENGANO

Data 02/01/2010 18:55:26 | Tópico: Poemas -> Esperança

Sou como as ondas do rio:
Correm sempre ao encontro da foz.
Ou como o ferro dum navio…
Partindo, leva um naco de nós!

Se o que senti fossem flores… Que belo jardim!
Os sentimentos não têm dimensão, nem lei…
Foi por isso meu bem que nada te exigi
Nem cobrei pelo corpo que te entreguei.

Disseste que já não sentias o mesmo prazer
Que a paixão por mim perdera-se no tempo
Querias partir porque tinhas fome de viver…
Compreendi que não passei dum passatempo!

Névoas, vendavais, tempestades… Suportei
Como soldado que morre de pé no seu posto!
Hoje consigo sorrir. Sabes, há sempre alguém
Que nos ama e assim matamos o desgosto.

Estás só. Desejas-me com o olhar… Não te quero!
Agora descobri como é bom sentir-me alguém.
Amor… Repito o que um dia me disseste:
“Sou tecto que não serve de abrigo a ninguém”!


António Casado
Revisto para o Luso Poemas
17 Julho 1990



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