DESEJO MISTICO 13
Data 05/01/2010 17:35:13 | Tópico: Poemas -> Amor
| Por fim encontrei-te Num desses bares nocturnos Consumindo a noite numa cerveja. Não esperava… Fui lá adormecer a vida Porque o abutre da amargura Apropriou-se do meu desespero. Somos amigos agora… Partilhamos no mesmo quarto a mesma loucura!
Encontrei-te. Que noite tão bonita! A lua desprendia-se do alto E esvoaçava na retina dos amantes…!
Não me contive. Aproximei-me de ti e segredei-te: - Desejo-te! Como fizera tantas vezes antes…
Surpreendido fiquei Ao ver a estupefacção Num olhar que devia brilhar De satisfação!
Porque vestiste em teus lábios Esse sorriso frio Que eu desconhecia? Como quem, por ironia, Abomina o que deseja Nunca tem o que quer?!
Nesse momento, podes crer, Perdeste todo o encanto… Essa maravilha que tem sido A razão do meu viver! Sequências de alegria E pranto…
Mas já agora, meu amigo, Adivinha porque razão te disse Que te amava tanto, Que por ti Guardaria esse segredo A sete chaves Dentro do coração?
Sabia que o mundo Ávido por querelas Reprovaria A nossa paixão!
Contudo Nem um de entre eles Me poderia atirar uma pedra! Eles negam aquilo que desejam Rejeitam aquilo que fazem!
No íntimo das suas almas peregrinas Vivem um imenso dilema: Ou procuram a felicidade Enfrentando a vergonha e o medo De serem o que quiserem – Ou ajeitam-se Á vida que os consome de tédio Como os outros querem.
Depois, sonham em segredo… Fantasiam a paixão que não existe… Quando surge a aurora Da oportunidade A moral resiste.
Vivem resignados no próprio “eu” Perdidos de vaidosos Exuberantes até na expressão! Até que um dia a claridade Traz à luz a crua verdade – O que sempre rejeitaram… São!
Pobre mundo que vive sem razão A incompreensão Num doloroso desalinho…! Para esconder o que são Uns drogam-se Outros criticam Outros bebem vinho!
António Casado 3 Setembro 1984 Revisto para o Luso Poemas
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