
SONS DA TERRA.
Data 05/01/2010 20:40:16 | Tópico: Poemas
| Amo os adornos da farinha e do mosto E outras coisas como as costas solitárias do fermento Que carregam o comboio do canto Onde os prados se enchem de géneros E as adegas batem o vinho cansado
Invento este rouco canto do homem Coroado de chapéus de abelhas Calçado de sapatos vomitados de formigas Cheirando a naftalina e a terra molhada.
No meio deste refrão rolam as ruas espezinhadas de uvas Batendo asas o caixão dos pássaros Debicando o tom de mel O som das paredes moribundas E o sabor da garganta de betume Que lutam em virtude do recorte da noite.
Cai a humidade da manhã Largando objectos tombados Nas meninas de saias garridas ecoando palmeiras Levando nos braços os cestos amargos da labuta Com entremeio de garrafas sem rolhas.
Os odres saem calados de podres Procurando poços nas bocas E o vinho no silêncio da terra Se disfarça e se confunde com a chuva Que parece enxofre na pluma derradeira.
Eduarda
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