
Algo diferente
Data 09/07/2007 10:12:22 | Tópico: Textos
| Se me perguntassem hoje, o que iria fazer da vida, sinceramente não tinha resposta para dar, e sinto algum complexo por isso. Será que desperdicei até hoje a vida que me entregaram? Será que alguma vez aceitei o facto de ter uma vida, e que esta, apenas faz sentido se for vivida? Para a viver de facto, no absoluto sentido da palavra? Será que me escondi por caminhos óbvios demais? Que frequentei apenas lugares comuns e que me desviei de todas as oportunidades, porque não as entendi? Foi viver para perder tempo, ou perdi tempo enquanto pensava estar a viver?
A primeira vez que me apercebi que vivia a vida, não por mim ou para mim, mas pelos outros, pelos meus amigos, foi quando me vi separado deles. A amizade também tem fim, …não de repente, não de um momento para o outro. Na altura frequentava ainda o ensino secundário, e o simples facto de transitar para o ano lectivo seguinte, viria a alterar o meu intimo por completo. Porquê? A maioria dos meus amigos chumbou, e como a vida, ou lá o que lhe queiram chamar tem destas coisas, todos continuavam juntos, unidos e amigos, pois bem, afastados de mim, devido entre outras trivialidades, à mudança de turma e incompatibilidade de horários. Sentia-me triste, esgotei os meus recursos psíquicos, apaixonei-me e adoeci de verdade. Aconteceu tudo muito rápido…
Pela “primeira” vez compreendi que não estava no caminho certo, mas afinal o mais difícil ainda estava por acontecer, e agora pergunto-me: Será que recordo o tempo que convivi com os meus amigos, porque alguns anos mais tarde tudo se volta a acontecer? Na essência ou na forma de sentir, sim, … mas no contexto, não obrigatoriamente, … Acredito sim, pois existe alguma coincidência mas a casualidade, … quero voltar a pensar que não, e não consigo. Destruí o que me ostentava, a capacidade de ser mais frio a cada dia, todos os dias, tenho pena porque perdi a capacidade de ser realmente eu e isso não é bom, porque se todos temos limites, todos devemos aceitar a tolerância, mas nunca eu. É bom que tenhamos a capacidade para aceitar o bem e o mal, mas nunca o mais ou menos, pois aí está o perigo. O perigo está na dúvida e esconde-se na certeza. Uma dúvida manipulada, pode ser uma certeza e podemos estar certos que todos temos dúvidas, pode parecer absurdo mas não duvido, não tenho a certeza apenas o digo porque parece óbvio. Concordem ou não.
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