Poematizando

Data 14/01/2010 19:44:30 | Tópico: Poemas

Lá fora chove e, a razão de chover, só deus sabe. Posso imaginar mil e uma razões da mesma forma que mil e uma razões podem imaginar o que sou. Mas isso, é conversa mais lá para diante. Num futuro destes.
Falo da chuva porque foi num dia de tempestade que o poema se afastou da casa levando consigo os versos mais rugosos.
Ar triste de quem carrega vinte quilos de assombramento, se assombramentos tivessem forma de objecto para colocar numa balança.
O poema é uma esperança de vida.
Que hei-de eu cantar agora?

Do longe tento adivinhar mas caio no ridículo por tentar adivinhar. A vida soma e subtrai desagrados. E pateta é aquele que julga que não. Pensar no amanhã é um exercício que só faz bem, pois a dor nunca se habitua.
Como sentir a noite por dentro dos olhos.
O que sei do tempo é do que vejo e sinto.
As horas podem ser tudo, mas nunca são retornos.

Lá fora chove.
Há existências que acabam num rio.
E o poema era quem assistia à chuva aqui comigo. Soprava-me com aquela força de arrombar todos os segredos.
E fazíamos amor diante do Tempo. Amadurecendo. Multicores. A sonhar tão amplamente. tão amplamente.

Lá fora chove. O poema segrega uma fresca porcelana. É bom ter horas. Esquecer. O azul que não o é. Relembrar. A ave pronta. Esquecer. Relembrar. A loucura em castiçal. Sonho. Não mais irei correr atrás do frio!



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