Declínios

Data 16/01/2010 20:44:15 | Tópico: Prosas Poéticas

O dia declina
e no declínio do dia
Ergue-se a noite, acordam as estrelas que sorriem no espelho da lua.
O silêncio levanta-se nas ruas, dissolvido na água que desce os rios e não se queda, nem rasga prantos no ritmo dos seus frágeis soluços.
Ao levantar voo escuta-se a voz de uma andorinha que regressa à primavera, na margem do céu desmedido e nu.
Em similar ignoram a paz e na areia húmida deixam gravadas pegadas em forma de cruz sem encontrarem a orla por onde circulam …escoa-se o tempo e mais uma vez as árvores esquecem os frutos, descidos no chão vazio.
A duração alberga o tempo na voragem de outra estação que tem no rosto as linhas do horizonte pintadas pelo vento a lápis de carvão.
Entre sulcos de luz, longínquo, num hangar recluso pela esfinge lapidada no abismo do Outono infinito, em pálidos ramos agitam os gritos de um sonâmbulo aprendiz…
Secreto saltimbanco, num subtérreo de barro sem moldagem num espaço intacto ao abrigo da claridade que ao mundo conduz…
A noite declina
e no declínio da noite
as horas meditativas do crepúsculo, escorrem a poeira e as luzes apagam-se ao longo das margem, num sorriso de bom dia ao astro rei que de novo impera nos pés de mais um dia…as sombras etéreas são santificadas na âncora atracada ao cais, por onde navegam os sonhos de todos os profetas…



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