UM POEMA, QUASE DESABAFO, PARA VÓNY FERREIRA, MINHA AMIGA

Data 17/01/2010 08:55:12 | Tópico: Poemas

trago manhãs cansadas dentro dos meus olhos
habituei-me a carregar nas costas
o peso desta minha antiguidade
se me perguntam hoje o que sou
digo apenas - órfão de pai e mãe
e de mim mesmo também
me esqueci tantas vezes nas mesas dos bares
que agora procurar-me não vale a pena
fumo e bebo demais
e ponho-me a contar os dias
sendo assim minha amiga tenho as malas sempre prontas
meu verso é o meu verniz
a cada dia me convenço: - sou um talento que não deu certo
só preciso aprender a ter dignidade para morrer
daqui de casa ouço os sinos do convento do carmo
mas finjo que estou surdo
e construo um poema com palavras cegas
que não vão modificar o mundo

_____________________

júlio


http://currupiao.blogspot.com/


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=115534