DESEJO MISTICO 16

Data 19/01/2010 21:31:39 | Tópico: Poemas -> Amor



Nas longas noites sombrias
Fechado naquele imundo quarto
Revivo o passado que foi nosso
Entre aguardente e cigarros.

Compreende este amor
Tão puro, tão livre, tão solto
Que num voo picado sobre a paixão
Deseja unicamente ter-te.

Quero ser teu!
Quero amar-te!

No fundo de mim
No fundo do quarto
Num baú de silêncios e incompreensões
Guardo os suspiros do nosso segredo…
Nem os deuses do universo o abririam
Por medo!

Sei, amor, que ninguém entende
O que sinto por ti.
Riem-se, inconscientes!
Cinicamente entre dentes
Inventam as mais caluniosas mentiras
Para te afastares e pores um fim.
Para eles
O que for diferente da concepção da moralidade
É motivo de chacota hipócrita:
Nos meus olhos aceitam-me como sou.
Nas minhas costas riem de mim!

Infantis!
As palavras são pedras
Que não se coíbem de atirar!
Não sabem o que é o amor…
Tão pouco sabem amar!

Deixa-os
Entregues aos jogos fúteis
Do seu viver acomodado.
Todos eles são inúteis!
Todos eles são assim.
No fundo o que invejam
É o teu lugar dentro de mim!

Mas se queres saber porque te amo
Lê apenas o que escrevi:
“Talvez por seres diferente…
Talvez por seres igual…
Talvez porque eu te senti!”


António Casado
Revisto para o Luso Poemas
3 Setembro 1984




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