
A pupila do senhor reitor
Data 20/01/2010 00:23:22 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Eu apaixonei-me pela mulher De meu irmão! Até seria bonito Se não fosse o senão De não poder amá-la.
É que ela é amor de Dezasseis anos, Demasiados para poder largar. Se um dia isso acontecer, Ele até a pode matar.
No mínimo, Casa-se com ela Por mais cinco, Que é o que dão Juntos os dedos da mão.
Ela tem uma irmã De cabelos loiros esbeltos. Suas espigas crescem Na floresta do amor, Enchendo a vista, Vazando a dor Que nos invade a cada dia.
Mas ninguém a ama, Porque a mulher de meu irmão É a mais bonita que há.
A trama até seria pouca Se tão pouca assim fosse. Mas somos seis! Sim, seis! São esses os anões Que lutam pela mulher de meu irmão.
Doidos certamente estão, Porque sabe o meu irmão Que o seu testamento Deixa a mulher mais bela A seu primo direito, O feitor da respeitosa E cinzenta aldeia.
Ai, como eu amo aquela mulher, Que cavalga no alto da minha dor, Aquela que eu amo, A pupila do senhor reitor.
E então? Se há um senão, Há de afastar-se Com os cinco dedos desta mão!
A bela e os seis anões Hão de ter o seu dia, Que ela é grande e forte Como os dias da semana.
Ai, o desprezo de meu irmão, Quando maltrata o meu amor. Quero beijá-la, e ela olha sorrateira, Como a dona de casa Obediente, talvez doente, Certamente certeira Na sua cegueira triste.
Faço minha a sua dor, Que dói no coração Da pupila do senhor reitor.
Um dia ela cairá nos nossos braços, Com laivos de sangue, Pronta para amar.
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