Soneto à criatura

Data 20/01/2010 19:33:16 | Tópico: Sonetos

Vais ter essa comichão a roer-te o peito.
Serás bem mais emoção que realidade.
Às voltas sempre com a dor de uma saudade,
Irás percorrendo o chão... saudável, perfeito.

Terás ao alcance das mãos a felicidade
E a infeliz sensação do braço encurtado.
Quem dera tivesses do cão o olfato apurado,
P’ra perceberes o olor da flor da verdade.

Serás enfim, filho meu, um pouco de tudo.
Irei em ti, apesar de invisível e mudo.
Terás também propensão a tornar-te calvo.

(Aceito de peito aberto, meu Arquiteto,
As tramas incompreensíveis desse projeto.
Dizei uma só palavra e serei Salvo
).


Frederico Salvo



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