"ACROSS THE UNIVERSE"

Data 21/01/2010 12:32:28 | Tópico: Poemas


Calo-me no meu silêncio de menina e encosto o rosto à foto da imagem. Os caracóis ainda perduram e até a cicatriz no joelho não se dissipou no tempo. As memórias surgem de todas as direcções e deslizo os dedos no papel baço de velho. Mas por mais estranho que pareça tudo se assemelha ao meu pensar de hoje, como fita de alecrim que me colocaram na cabeça. Sou talvez a ingénua que sempre passou os limites escritos na nascença ou talvez os instrumentos se tenham suicidado no tempo. A fraga continua no leito do mesmo rio, onde me sentava a boiar os pés e a macieira lá continua na sua imponência. Afinal não passou assim tanto tempo! Dou a volta ao tempo e revejo os campos de milhos e os pardais que tentam debicar o grão. Soltam-se num repente e se ajeitam no meu ombro, como cama velha de emoções. Vem de repente o cheiro a broa e corro até ao velho forno. Vejo a mesma mulher que laborava ao Sábado na mesma. Os cabelos brancos emolduram-lhe as rugas da idade e do sol que lhe queimou o tempo. Ajeita-me de beijo de menina que não esqueci e dá-me o pão acabado de sair das brasas. Sentei-me no alto da laje e contemplei o universo! Afinal ainda sou criança!

Eduarda



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