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Data 27/01/2010 01:27:06 | Tópico: Poemas

Olho o reflexo no charco que a chuva deixou
Olho, e não reconheço a trémula sombra, que me olha
Aqui e ali o cansaço abriu brechas e penetrou
Na pele baça, de repente o tempo parou
No deslizar suave da água que me molha

As mãos gretadas pelo frio de Janeiro
Mas que teimam em apagar a imagem reflectida
Mais perece borrão, sem tinteiro
Afinal de que te ris olhar matreiro
Não vês que finjo não ver, a tua testa franzida

Pelos anos que passaram, e eu por onde andei
Não dei por eles, tinhas que vir tu, sombra esbatida
Num qualquer charco em que embiquei
Dizer-me envelheceste, eu ganhei
Isso pensas tu, sombra torcida….

Antónia Ruivo


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