Só errei ao ter nascido.

Data 11/07/2007 05:58:36 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Ao viver nesta desgraça,
Tantos dias mal vividos.
A vida torna-se uma ameaça,
Para os mais desprotegidos.

Pois não têm protecção,
Nem nada que se pareça.
E o viver na solidão,
Dá-lhes cabo da cabeça.

Lentamente acaba o riso,
Porque é grande a amargura.
Aos poucos perdem o juízo,
E transparece a loucura.

Deixa de haver alegria,
E começa a tristeza.
E passa-se á monotonia,
Duma vida de incerteza.

Em que tudo o que acontece,
Não tem nenhum significado.
E onde tudo permanece,
Sem nunca ser modificado.

Assim é este presente,
Que continua sendo antigo.
E tal como o antigamente,
Não passa de um castigo.

E um castigo quando é dado,
É dado para fazer sofrer.
E para fazer um mau bocado,
A quem errou só por nascer.

Pois foi esse, o único erro,
Que eu me lembro de fazer.
Para merecer este desterro,
Em que tenho que viver.

Vivendo agora desprotegido,
Solitário, e desamparado.
Por errar ao ter nascido,
No tempo que era errado.

Eu não pedi para nascer,
Mas acabei por ter nascido.
Acabei por vir sofrer,
Sem tal coisa ter pedido.

Ou seja, tudo o que eu não pedi,
Foi sempre o que aconteceu.
E tudo o que eu escolhi,
Nunca ninguém me deu.

Por tudo isto, ando baralhado,
Solitário e desprotegido.
Vivendo agora no tempo errado,
Porque errei ao ter nascido.


zeninumi 11/7/2007










Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=11714