se ao menos tivesse umas luvas à mão

Data 29/01/2010 18:10:55 | Tópico: Textos -> Surrealistas



Uma metade do mundo adora-me e a outra metade me adora, mesmo não me conhecendo, isto porque ainda lá não chegou qualquer tipo de acesso à internet. Em cada canto do universo, existe um altar à minha pessoa, em cada alto dum monte, há uma capelinha com um poster do meu rosto onde aos pés se pode acender uma velinha. Quando saio à rua, existe uma legião de fãs em histeria à minha espera, exibindo cartazes com mensagens do género: "Moreno dá-me os teus boxers!"; "Moreno faz-me um filho!"; "Moreno és um pão!". Apenas me limito a sorrir e acenar, cercado por seguranças, antes de entrar para a limusina que me aguarda.
Isto de ser o centro do universo é entusiasmante, chega até a ser delirante, ao ponto de nem precisar de fazer sexo para ter um orgasmo. Também tem os seus aspectos menos positivos. Por exemplo, no outro dia, num centro comercial, dirigi-me ao WC para fazer uma mijinha e quando estava a desabotoar os jeans, ouço uma voz babada vinda do urinol ao lado: "Ó excelentíssimo senhor Moreno posso pegar na sua pilinha." Foi um episódio algo embaraçoso, pois sabia lá eu por onde tinham andado aquelas mãos. Com tantos vírus que por aí pairam, corria o risco de ficar contagiado. Se ainda ao menos tivesse umas luvas à mão...




O director da clínica psiquiátrica venera-me tanto que se recusa veementemente a dar-me alta...



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