(Altar Particular)

Data 31/01/2010 18:08:29 | Tópico: Prosas Poéticas

Pedra sobre pedra e os susceptíveis como eu se sentam num qualquer quiosque para provar a sombra das sensações que lhe afligem o dia num ramalhete de mesmice e de inusitado. Contra os ruídos da vida alheia ponho-me acima do norte – donde nada há de vir - e exploro-me a mim como se fosse um vazio complexo, buscando em cada resolução um signo providencial que se faça eloqüente e incontestável antes da minha palavra final. É uma esperança minúscula, todavia aguda, o que tramita dentro da minha cabeça e por cujos fios me deixo prender, taquicárdica, tantas vezes por minuto, ávida em atestar como absoluto aquilo que não é senão uma alegria volátil, fruto deste domingo brasileiro de sol. Escolho cantar Maria Gadu em tributo a mim mesma imaginando merecer, antes do almoço, um gostinho de loucura na boca que sempre me antecede. Dou-me ao momento de um cigarro meramente importante, ombro leal nas horas de fácil imprecisão, andor que sustenta impecáveis os meus olhos grandes e simples. Declaro-me tão resoluta quanto a sede de quem abre uma skol antes do meio dia. Mas ciente das perdas com que os excessos me costumam fustigar, evito para sempre o amém.




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