Castelos de Areia
Data 01/02/2010 14:55:13 | Tópico: Poemas -> Saudade
| Crianças correm alegres e adoravelmente travessas, o vento agita as folhas, das abençoadas palmeiras
As ondas levantam areia, as dunas viram escorrega, se munem de pás e baldes, começam a moldar seus castelos
Crianças e seus sonhos suas bolas, bicicletas, pastéis, milhos, pipocas, bolhas de sabão, papagaios
Tudo no ar, terra e mar na graça da tenra idade no encanto da ingenuidade sem maldade, sem julgar
Imerso nestas cenas bucólicas - feito pescador que há tempos lança o anzol nas marés altas, ao crepúsculo, fisgando anchovas – Sinto um nó na garganta, como um aperto no coração ao recordar a velha Praia Vermelha palco poético, berço da minha iniciação
De quem em saudosos tempos, de frente pro mar ao entardecer, destilava devaneios, prosas e sonhos entre as vagas horas antes do anoitecer
Aqui solitário feito um marujo que retorna, após longa viagem, à juventude do porto seguro, mas, descobre que era miragem
Cai o pano, se anuncia o crepúsculo, e com ele, se revela o espetáculo da vida, descerra os tempos vividos decerto me consumi muito nestes anos, Devo confessar que não foram poucas as causas e bandeiras que aqui desta Praia ainda jovem abracei, desde a longa ditadura, ironia foi morar cercado de prédios militares,
na demolida Casa do Estudante de Medicina, assim como o prédio imponente da faculdade só restam ruínas e um muro que simboliza a truculência e a falta de liberdade
Tudo isto faz parte de minha trajetória, da luta para passar no vestibular de medicina, e estas histórias, amargas derrotas e suadas vitórias, Mas, revigorado, eis que retorno, ao ponto de partida...
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em julho de 1990, após retornar à Praia Vermelha, na Urca-RJ, local onde iniciou a jornada para o Curso de Medicina, na década de 70.
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