Indesejada imprudência

Data 04/02/2010 23:56:32 | Tópico: Sonetos

Enquanto houver um prato desprovido de comida
E contra isso não se desprender maior esforço.
Enquanto imperar essa razão subnutrida
E tantos estiverem de descaso até o pescoço.
Sobrevirá a tudo, acorrentada, a violência,
Pois cada um que morre ignorado, pele e osso,
Induz a outros tantos a saírem desse fosso,
Usando (seja lá qual for) insana providência.
Ignorar a voz que clama exasperada e clara,
É encontrar-se nu e esconder somente a cara,
É estar resignado quando ainda há saída.
Aquele que, egoísta, assassina a consciência,
Abraça, conivente, a indesejada imprudência
De alimentar a morte... de deixar morrer a vida.


Frederico Salvo



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=118369