ÚLTIMO PRAZER
Data 05/02/2010 10:38:10 | Tópico: Contos -> Tristeza
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Último prazer...
Isadora viajava sozinha, ia sem rumo ladeando a rodovia principal.
Já haviam se passado dois dias que saíra de casa, ato de desespero. Não lembrava se havia comido ou dormido.
Seu corpo ainda levava as marcas da última surra dada pelo marido.
Maiores ainda eram as marcas que seu coração levava, marcas recebidas por muitos anos de dor.
Profundas também eram as marcas que sua auto estima possuía, pois, vivia ao lado de um homem que sempre a explorou e covardemente a espancou. Fugir foi o ato nascido em meio ao seu desespero e sofrimento. Mas, Isadora não tinha pra onde ir, sua vida perdera os objetivos, as cores.
Alimentava-se de lágrimas, e em meio a dor, convenceu-se que não tinha valor, era uma mulher inútil.
E, passo a passo ia, sem rumo, sem destino até que diante de si avistou uma ponte sobre um grande rio, impregnada do cheiro do óleo e barulho ensurdecedor dos automóveis. Lá embaixo as águas caudalosas e escuras do rio, e pesadas se moviam para o mar, impassíveis e austeras, momento em que somente Isadora ouviu o silêncio do rio, viu uma paz nunca antes conhecida.
E, em meio a seu sofrimento, não achou mais uma porta para sair da tamanha dor que seu peito abrigava, tinha o olhar perdido, vazio...
Assim, sem questionar nada pra si, caminhou sem sentir os calos dos pés, e foi para o meio da ponte, deixou o vento pentear seus longos cabelos como um pedido de piedade, e fechando os olhos, deixou desenhar em seu rosto queimado pelo sol, um sorriso de alívio, e sem reter mais dúvidas sobre o porquê de sua vida ter tal peso, abriu os braços, e de costas jogou-se, como um pássaro ferido que se deixar cair querendo ser levado pelo vento. E nos segundos entre a ponte e a água, Isadora sentiu pela primeira vez prazer, seu único e último gozo em toda sua vida...
Esse texto foi lançado ontem, mas deu problemas na conexão não sendo possível eu abri-lo. Por isso eu o reeditei.
Espero que gostem.
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