OLHOS ENAMORADOS
Data 05/02/2010 17:36:30 | Tópico: Poemas
| O sol derrete o piche da rua E mais uma vez os carros roncam A preguiça dos motores. E mais uma vez o falante chiado da igreja Lamenta a morte por asfixia Do vendedor de churros, Na torneirinha do doce de leite quente.
Na sombra da marquise O sol não derrete o concreto E o camelô de cabelo rastafari, Assoviando um reggae do Marley, Mais uma vez faz o milagre Com a pedra azul do colar... E mais um homem enxerga o mar. E mais uma senhora testemunha Para as moscas o que é amar.
O poeta está onde sempre esteve. Nem no piche derretido, Nem no concreto que o sol não derrete. E usa óculos de sol na porta do bar, Sempre o mesmo bar de qualquer poesia, Tomando o último sorvete do sorveteiro bêbado...
E resolve que o mormaço na frente do seu nariz É por hoje o limite do seu olhar, Enquanto espera a lua chegar Para namorar de alma nua.
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