A CANTIGA DAS CIGARRAS

Data 07/02/2010 16:21:02 | Tópico: Contos -> Infantis

O verão acaba de chegar. O calor faz-se sentir e os passeios pelos campos ou umas visitas à praia são um prazer que nós não podemos desprezar.

As formigas trabalham horas sem fim para que o celeiro esteja repleto de bela alimentação, pois que os bons dias não são assim tantos como isso, logo o trabalho árduo destas mouras de trabalho tem que dar os seus frutos.

As abelhas lá vão de flor em flor em busca do pólen para fabricarem o mel e a cera, no fim sem lucro algum para elas, sendo nós que nos aproveitamos do saber desses insectos

As borboletas esvoaçam nos nossos jardins dando muita beleza a estes espaços.

Jácjácjácjácjácjácjác

-Pronto, disse a Rainha das formigas, lá começam elas a nos incomodar

-Oh Dona Cigarra, gritou a formiga!
~Jácjácjác, alguém me chamou? Tenho a impressão que ouvi uma voz cansada. Quem é?
-Sou eu, Dona Cigarra, e a minha voz cansada, como diz, é a voz de alguém que passa o dia a trabalhar.
-Se trabalha é porque quer, ninguém a obriga.
-Ninguém me obriga? Ora essa! Se nós não trabalharmos agora, pode-me dizer como é que nós podemos fazer quando chegar o inverno?
-Quando chegar o inverno...! a dona formiga tem cada uma... mas o inverno ainda está longe, tem muito tempo.
-Olhe que não tenho, não, já viu quantas bocas temos a sustentar em nossa casa?
-Precisamente, disse Dona Cigarra, vocês são tantas que não precisam de andar assim atarefadas.
-Jácjácjácjácjá
-Oh Dona Cigarra, posso-lhe pedir um favor?
-Poder pode, não sei lhe posso conceder o que quer que seja.
-Não é assim tão difícil como isso.
-Bom, diga lá.
-É o seguinte, como sabe, nós passamos os dias a trabalhar e depois de almoçarmos temos que fazer uma sestasita para retemperar as forças e continuar a nossa tarefa, ora a Dona Cigarra não pára de cantar e assim sendo, impede-nos de dormir.
-Era o que faltava! Eu canto quando quero, paro quando quero durmo quando quero e não estou na vida para me ocupar dos outros, isso é que era bom!.
A Rainha, ficou furiosa. Entrou no ninho reuniu toda a comunidade e disse.
-Bom, com esta senhora mandriona, nada há a fazer temos que nos organizar, não fazemos a sesta e passamos a parar de trabalhar mais cedo, assim teremos mais tempo de repouso e menos horas de trabalho, mas temos que ser rápidas durante o dia para não termos uma surpresa no inverno.
No dia seguinte as formiguinhas começaram a trabalhar como previsto sem fazer a sesta
-Jácjácjácjác.... olá lá!!! então hoje não dormem? Vão continuar a trabalhar? Jác...Jác... Jác, ria a Cigarra,.
-Oh dona Cigarra, isto não tem graça nenhuma, se a senhora fosse trabalhar em vez de passar o tempo a cantar, não acha que seria melhor?
-Trabalhar? Eu?, já viu Alteza, o que seriam os campos sem as minhas cantigas? Já viu que as pessoas diriam que os campos eram monótonos? Não. Vou continuando a cantar para alegrar os campos.
-E quando chegar o inverno o que é que come?
-Alteza, tenho tempo de pensar nisso, não merece estar a tentar resolver um problema que ainda não chegou, logo se vê, logo se vê!
E o inverno chegou trazendo com ele o frio e a chuva.
As formiguinhas passavam os dias ao quentinho do ninho que elas tinham abastecido.
Os dias passavam sem problemas

Certo dia...
-jáaac.... jáaac.... jáaac.
-Quem será que está à porta que nem forças tem para nos chamar?
A Rainha veio ver e....
-Mas é a Dona Cigarra!.... o que é que tem? Está doente?
-Siiim.....Siiim... estou muito fraquinha, Sua Alteza, tenho fome, muita fome, e nada tenho para comer, com o tempo que faz não encontro nada para satisfazer o meu estômago.
-Bom, entre disse a Rainha. Vou-lhe dar uma refeição. Mas lembra-se, que quando lhe pedi para nos deixar fazer a sesta, parando de cantar durante esse tempo, a Dona Cigarra fez pouco de nós e não acedeu, hoje veio aqui pedir para a ajudar e eu ajudo-a Dona Cigarra, mas que lhe sirva de lição, nós devemos de saber conviver harmoniosamente, pois que mais tarde ou mais cedo precisamos sempre de alguém que nos ajude.
Dona Cigarra que já tinha recuperado as forças, levantou-se e com lágrimas nos olhos, veio beijar a patinha de Sua Alteza a Rainha das formigas.

A. da fonseca






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