PROMENADE

Data 12/02/2010 01:52:43 | Tópico: Crónicas

PROMENADE

Curta a leitura mas prenhe de conteúdo, ou não fosse obra de mente capaz. De repente uma palavra acordou em mim o mundo das palavras, fabuloso mundo. É como se as não conhecesse, nunca nelas ouvira falar. Mas pensar isto foi pensar palavras que só por elas ao seu cerne cheguei. Debrucei-me sobre elas, e resvalei para os nomes das coisas. Detive-me por aí uns instantes e achei estranho, uma quase loucura os artifícios que com elas posso construir. Perguntei-me, como tomado de estranha inépcia porque é que uma mesa se chama mesa e uma cadeira uma cadeira. Não consegui, por muito que picartasse a mente lógica para tais denominações. Referi mesa e cadeira como meros exemplos já que a questão se coloca em relação a um infinito de palavras. Ao deter-me nelas, ao querer ir-lhes ao âmago, soavam-me estranhas, ilógicas a roçar o absurdo. Mas não se fica por aqui o meu sentir em relação às palavras, que muitas há, tantas, cuja razão de ser mora à superfície, pululam ou estrebucham mal as pensamos. São aquelas que tem que ver com o mundo da nossa interioridade, com o sentimental, ou afectivo e o sensorial. Aí as palavras ganham força, por vezes uma dinâmica estonteante. As palavras podem ferir, podem fazer sangue, podem mesmo matar. Mas podem ser estimulantes, podem exaltar os sentidos, podem tirar-nos de nós até à ternura, à explosão do amor. Desatina-me às vezes pensar no poder da palavra, do que com ela posso ser capaz e da minha responsabilidade no seu uso.

Antonius



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