FILOSOFANDO...

Data 13/02/2010 18:33:40 | Tópico: Poemas

“ Ver claro é não agir”
In “ O Livro do Desassossego” de Bernardo Soares

Talvez me caia depois o silêncio!
Cheira-me a frio e a adereços inconscientes
e os vultos se esculpem nas colunas dos portões de mármore. Atarefo a alma numa terra dorida, comprimida de desalentos e de consciência enganadora.
Explico a diplomacia numa intolerável filosofia pública, mas dela nada senti. Apenas a humidade do cheiro do abstracto.
De súbito caem os candeeiros, mortos no destino idiota da consciência e as nuvens param nos sons da rua recortadas de coisa nenhuma.
Subo a respiração e entro no fundo do barco, que é conforto da minha importância. Reconsidero a altura do título e suspendo a corda da vigia (que imagem tão estúpida a do vento que até a própria cor é objecto de suposição!).
Adio assim o meu erro e atribuo à alma o pecado de ver o mar de outra cor.
Como não dependo da decência ou da decadência, atiro a renúncia à solenidade e rio o improvável como irreverência


Eduarda


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