Presenças d´água (V)
Data 15/02/2010 23:46:13 | Tópico: Poemas
| "Ando a tentar cicatrizar feridas e cinzas, mas estou bem, embora tenha a alma como um saco roto e sem arranjo. (…) Continuo a viver – ao contrário do que se possa pensar – numa grande e incompreensível inquietação." Al Berto
não sei se outra cicatriz me convinha para cruzar as feridas na mortalha, afinal eu não quero o que me excita se medito a sós a inquietação de um inferno em carne viva. julguei que me pudesse proibir, enfim proibir-me ao rigor de ser estrábica no tabernáculo dos vícios em gestos prostituíveis de outros dias fazer do frívolo um anúncio de rectaguarda como uma flor que murcha sem se abrir. até roubei o saco dos milagres para que fizesse em mim a inclemência de um sol por inventar usei aquele saco como garrote apertado, decepando as veias como um colar de agrafes se tratasse, perfurando a alma até ficar vazia com as minhas mãos, lívidas mortais, mas assassinas.
|
|