Observo os passos da noite Na sua absorvente e longa caminhada Que nos envolve e nos abraça No seu inebriante sono Tomando conta da nossa mente Nos embriaga No torpor dos seus sonhos Indecifráveis. Os seus passos cadenciados Marcam o compasso Do nosso adormecer.
Nas madrugadas incolores Que abrem as portas semi-cerradas Do nosso sobressaltado Alvorecer Silêncio branco Na noite escura de breu Onde a mente se apaga No tumultuoso sonho Que a invade Como um enorme manto de neve Gelando todos os sentidos Cristalizando as emoções.
A noite se despede Com um brilho ofuscado Na face enregelada Do sonho que não sonhou Do corpo que não dorme Num compasso descompassado Onde a noite acorda Do silêncio dos seus passos.
Gil Moura
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