sem número

Data 17/02/2010 21:52:19 | Tópico: Textos







estranho: a tua voz grita por mim por entre os dentes deste corpo que é meu, escava nas mãos uma nuvem, constrói um céu, talvez exista um lugar para sermos felizes, talvez só na longevidade das mãos, na longevidade da voz, a tua, talvez. nascemos e morremos nos contrários, engasgados com o pó da terra, sufocamos de medos, feitos de afectos gememos, abandonados. aí onde tu estás, onde eu já estive, onde volto sempre que morro (e morro tantas vezes entre a vida que nem sei se hei-de nomeá-la mais de morte).para onde vais assim só não vás sozinho, que os lugares de sermos sós são uns dos outros, como nós. quero um lugar, um espaço-arvoredo onde crescer, um corpo para abraçar, a certeza da voz. eu sei, conheço tão bem esse gosto, gelo na boca, neve nos olhos, és como eu: inverno. estranho ao dizê-lo mas o amor é este exacto momento em que partimos, um para cada lado, e quantos mais lados houvessem mais nos partiamos.





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