RENASCER DE NOVO

Data 18/02/2010 20:35:35 | Tópico: Poemas

RENASCER DE NOVO

Cibele, acrisolada nos seus olhos húmidos,

apelava à demasia da vida, buscando na solidão

alimento para a inquietude.


Sabia que, muitos anos volvidos, a repetição dos

seus gestos, aparentemente inúteis, eram como que

uma flor resguardada de ventos, por entre o

ímpeto reprimido de paixões.


Dia a dia, mecanicamente, resistia ao luar e ao

sol, a luz natural ofuscava-lhe essa ténue

alegria que guardava, secreta e compungida.


Certos dias, raros, chispavam em si o brilho do

desejo, e viam-na caminhar, solitária, o rosto e

a voz ocultando o mais profundo do seu ser.


Que fazer, afinal, dessa flor tão serenamente

resguardada, cuja seiva era a dádiva de uns olhos

permanentemente húmidos?


Nesse dia, igual a tantos outros, subitamente,

irrompera nela uma vontade, inesperada,

de partilhar o sonho, a maresia, o calor

ou a geada, mesmo que o tempo persistisse

a monótona cidadela de um Outono.


Soubera, enfim, que renascera para a vida.


Arfemo
(reed.)

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