Um poema é como a música, Sente-se de olhos fechados Numa transmutação De experiencias sensoriais por físicas, Num caminho paralelo Mas em sentido contrário do sexo. Um orgasmo que se vai esbatendo Num prolongamento de prazeres Até ficar circunscrito à ideia fulcral, O de te amar. O poema perfeito é o que te faço De olhos fechados sem o escrever, Componho-o na pauta do teu corpo No risco húmido da minha língua Que te percorre para compor uma sinfonia De amor e sexo à mistura Num rufar de cadências Que vai aumentando de intensidade À medida que a minha pedra cai no teu charco, Criando ondas sucessivas em círculos perfeitos Onde ondulamos numa obediência total Ao ritmo do manso líquido Que nos envolve e escraviza A nossa verve vertida em paroxismos inauditos. Dou-te a carta de alforria, E de batuta em riste Componho o mais belo poema, A mais bela sinfonia no ondular do teu corpo manso
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