Sistema Métrico Desviante

Data 23/02/2010 17:02:22 | Tópico: Prosas Poéticas

O sol caíra dentro do mar, que se avinhara com aquele tom profundo que logo escurece e depois desvanece quando o céu se muda em violeta e se amorna. Reclamou o seu cachimbo de esponja carregado do hálito do sargaço, do sarro dos sonhos e das passagens que queimam no fumo todas as distâncias, todas as cesuras para além dos negros cortinados. Falou-me dos inomináveis do infinito espacial, da visão de um lugar que contém todos os lugares, de um ponto que é todos os pontos -Aleph, ausência de toda a finalidade, mas não revelou o revolutear tremendo do eterno, do infinito temporal, de um tempo que contém todos os tempos, um instante que é todos os instantes. Não me falou desse instante rápido, nesse imenso êxtase que faz lembrar duas mãos decepadas, unidas para a eternidade no aperto.




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