DEPOIS....

Data 23/02/2010 21:20:28 | Tópico: Poemas

depois sinto-me só como coisa natural
e atropelo o lamento da pena morta
que atravessa o final da bebedeira.
acendo a luz da ausência
como episódio despido,
que é propriedade da chuva contínua.
deito-me de febre e alucinações.
cansa-me este mundo subjectivo, indiferente,
sem raciocínio da respiração no bilhete da omissão.
a noite torna-se insónia natural
e estendo-me como cadáver nas memórias.
e penso o que teria feito se não tivesse percorrido esta estrada.
talvez não me tivesse embriagado de poesia mal resolvida
ou tivesse fechado os mistérios na cratera do tempo.
falhei! falhei num qualquer sistema,
como consequência duma força inata.
e acendo o cigarro por desleixo
que é refúgio do meu desencontro com o esquecimento.

Eduarda
23/02/2010


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