Sexta-feira

Data 26/02/2010 19:35:24 | Tópico: Prosas Poéticas

Porque é o avesso de suave este mundo que me contém, que exubera ocorrências dúbias cujas manifestações se prestam a um aniquilamento gradativo das minhas maiores certezas; chamo o tempo ora cura, ora culpado, das sobras a que me reduzo quando investigo-me o íntimo, desajustada.
Todos os dias são dias de se lembrar e de se esquecer - como é difícil manter o tempo sem memória de mim! As horas são todas filhas das dúvidas e dos medos que as povoam, crescem ligeiras regadas pelas inquietações subterrâneas que me alarmam os sentidos.
Hoje eu só queria encostar-me a um travesseiro de coisa nenhuma e ali dormir por semanas; perder-me do que é vão e do que é preciso; fechar os olhos ao importante e ao fútil; deixar que morra em mim tudo aquilo que não posso compreender.
Queria amputar dos meus desejos os seus impossíveis; livrá-los do meu peso; fazer com que se tornem tão leves que desapareçam, etéreos, feito sonhos.
E acordar talvez vazia, mas sem pressa de viver.



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