Labirintos de Prazer

Data 01/03/2010 14:35:42 | Tópico: Poemas



Labirintos de Prazer

(Ano 2008, Painel em caneta de prata e ouro e cristais sobre tela acrílica preta, 120x60 cm, Colecção Particular)

Agora que partiste e deixaste
que o verde das florestas se transformasse em cinza,
aguardo,
em vão,
que Deus desperte dentro de mim
e me recorde
que a tua volta só ocorrerá
daqui a anos de eternidade
em que tudo será como dantes
e o elo da imortalidade nos voltar a reunir.
Exorcizo de mim todos os demónios,
que inventei quando me separei de mim e do vento,
sobre a linha ténue da superfície do mar.
Exorcizo de mim toda a névoa,
que se aproxima
das areias infinitas
da costa dos silêncios do meu corpo.
Exorcizo de mim
os murmúrios de virgens negras,
que adormeceram na imensidão dos céus.
Como queria ter a bola de cristal
com que adivinhei o futuro do universo
quando era vidente adormecido
e quando as lápides do tempo em pedra
dormiam no campo de morte que foi teu corpo.
Afasto de mim esse corpo em que me perdi,
percorrendo labirintos de prazer,
julgando-me no fundo do mar,
no centro da terra,
no mais alto dos céus,
nesse corpo
com que iludiste os meus sentidos
e me disseste que a carne ardia
e os pensamentos não cessavam.





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