Temporalidades

Data 02/03/2010 22:56:28 | Tópico: Poemas

Desgastado pelo desenrolar dos acontecimentos, nos quais nada busquei, num ápice surge-me ao efeito da memória a página que outrora descobrimos.
Aqueles tempos onde a ternura afagava os nossos sentidos e envolvia todos os nossos actos, desenvolveu a nostalgia no tempo que lhes sucedeu.
Hoje essas recordações como que me apertam o peito ou colocam um nó em minha garganta, tal a pureza que emanava dos nossos olhares, dos nossos sorrisos, enfim dos nossos gestos.
Foram momentos incomparáveis que nunca mais aconteceram até ao presente.
Agora redescubro-me num palpitar, que se toma por constante. Reencontrei-te.
Os sorrisos, os olhares e os gestos parecem ser idênticos, embora lhes encontre uma leve diferença. Será por a maturidade os envolver que os torna mais reconfortantes?
Mas não quero questionar esses desideratos. Este reencaminhar, em paralelo, de mãos unidas é deveras revelador e, graciosamente, contagiante pela sedução que em nós faz criar, alimentando nossos egos e, por consequência, nossos corpos.
Neste preciso instante não quero lembrar mais nada. Não pretendo inquirir este desenrolar, que se me apresenta como natural e verdadeiro. Quero, sim, guardar e preservar todo este efectivo presente no sentido de o alicerçar no meu futuro, contigo!


António MR Martins

2010.03.02



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