«« Sã ««

Data 08/03/2010 17:17:53 | Tópico: Poemas

Se hoje me queres dar uma flor
Guarda-a para amanhã
Guarda-a para depois, p`rá hora vã
Aquela em que o riacho seca
Com o calor da minha pele, com o suor
Que me escorre do rosto sobre o divã
Da intolerância, que começa
Quando me enfeitas feito boneca
Se hoje me chamas mãe
Não precisas fazê-lo
Tão pouco dizê-lo
Serei pelos confins do tempo, mãe
Serei bela, de tez enrugada
Terei as mãos calejadas
Pelo cabo da enxada
Serei mulher, a apedrejada
Por piropos ridículos
Como ridículo é o dia D
Se cremos em reis, não sei porquê
Existem dias Dês
Mas não, não me dês
Flores
Guarda-as para amanhã
Amanhã serei mulher, livre e sã.

Antónia Ruivo



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=122967