O JULGAMENTO.

Data 09/03/2010 21:23:58 | Tópico: Poemas

Desliza a incompetência na rua da chama, aflorando a necessidade de se moldar como estátua. Abrem-se janelas de ventos e os pasmos se levantam atordoados, com o avesso das estrofes, que não passam de migalhas gastas dos sofismas.

Levanta-se a ré de xaile preto, no frio das lajes do tribunal e o juiz na sua toga se oprime na ruga da mulher, e até o escrivão se dobra no seu aparo.

Morte! Será a pena aplicada do júri.
Morte! Teve ela em vida.
Afinal a mulher foi absolvida!

Soaram os acordes e os desacordos e a polícia interveio afastando as reacções.
Ao fundo do tribunal disfarçado de poeta, estava o homem que assistia impávido e alegre na sua sorte, de ter morto o marido da amante que afinal era a ré.

Eduarda


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