| |  
 
 Cachoeira, CachoeiraData 09/03/2010 22:07:05 | Tópico: Poemas
 
 |  | O sol de todo dia nos desperta esperando renascer a nossa alma
 E os sonhos de uma vida enclausurada
 vem a tona com clareza descoberta.
 
 Lembra das manhãs de primavera?
 A pitanga, o içá e a macaúba?
 Quantas vezes a boca tão grudada
 do abiu que atraía a criançada !
 Passado muito longe já esquecido
 ou saudade muito grande que sufoca?
 
 Eu tinha um rio caudaloso na minh'alma,
 onde uma canoa com meu nome navegava.
 Rodar dourado em silenciosas madrugadas
 e meu pai a me ensinar como fisgava...
 
 Gente do campo desfilava lá em casa
 uma cachaça, muita piquira, conversa fiada.
 Doce de abóbora, laranja azeda, a mulherada
 pegando o ponto do doce de goiaba.
 De noite a usina e o jardimiluminado
 assistiam ao canto ingenuo das serestas
 - serão maneiro, som caipira, e a criançada
 de amarelinha e roda se enfastiava...
 Trocar apito por maca ou figurinha,
 bolas de gude, pega pega e papagaio
 Não tinha Xuxa, video game, enlatados.
 Quando chovia, a gente ía na enxurrada.
 Sem recreio de concreto armado, não tinha muros e janelas gradeadas
 Primeiro lugar era legal, nao necessario
 Respeito havia! Senao - Diretoria!
 
 Doce terra cor de anil da minha infancia
 Onde achar uma varinha de condao?
 Quero crianças livres soltas pelo campo
 como eu na mente e coracao!
 Qual Sete Quedas que retorna assombrada,
 Qual Peter Pan, Caipora, Yara
 Assombrações iluminem a Cachoeira,
 com sol e lua, compreensão e madrugadas!
 
 PS: Mesmo que eu nao tenha visto nenhuma Ema.
 
 
 Este poema foi publicado na Revista regional Open News, Campinas, semana 2, out. 1993, titulo: Criancas, esta terra tem palmeiras - A Sabedoria das Coisas Simples.
 Homenagem a Cachoeira de Emas - Pirassununga - SP - Brazil.
 Lima, Noeliza
 
 
 
 | 
 |