Eu, em dueto com meu filho

Data 10/03/2010 17:59:31 | Tópico: Poemas

- Nossa! Mãe, olha a lua! Tá tão grande!
- Que linda, não?! Vamos fazer um poema pra ela?
- Ah, isso é fácil: Oh lua que tá no céu, não caia não que você tá muito grande hoje!
- Ai, bebê, tá horrível isso!
- Então fala assim: Oh lua insuportável...
- Ai credo, bebê! Tadinha da lua, insuportável ela?
- É sim mãe. Deve estar pesada pra caramba!
- Não, não, lindinho. Vamos falar da beleza dela, de como ilumina a noite, que é dos apaixonados, etc.
- Eu num to apaixonado não, mãe. Mas tem aquela menina que ficou encantada com meus olhos...
- Ai, ai. Faz um poema pra ela então!
- Tá bem: Oh menina da carinha gorda, parece a lua insuportável, pesada pra caramba.
- Nossa! Você tá demais hoje, bebê.
- Todo poema tem Oh!
- Não lindinho, todo não. Pode falar sem dizer Oh, tá bem?
- Tá bom, mãe. Começa você.
- Tá, lá vai: no imenso círculo do céu
dorme um outro que é a lua...

- Ai, ai, tá ruim demais, que o céu não é um círculo, é só a metade.
- Faz mal não, fofo, se fica bonito a gente deixa assim mesmo.
- É? Ah, então deixa eu dizer que a lua é insuportável, fica bonito.
- Tá, bom, tá bom, fala aí.
- Oh lua insuportável...
- Não, para aí. Tira esse Oh.
- Oh, Oh insuportável! (muitos risos)
- Ai, bebê, você é que está insuportável hoje!!!
- Tô pesado que nem a lua?
- Não, amor. Mas tá tão grande...
- Ah, então faz um poema pra mim!
- Tá, toma aí: tanta segurança me dá
quando tomo sua mãozinha linda
e tanta alegria me soa
quando ouço sua voz,
pueril ainda...

- Pueril? O que é isso? Num tem pueira na lua não, mãe! E faltou o Oh! Todo poema que ter. Faz outro que esse tá insuportável!



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