É assim, mas não devia.

Data 19/07/2007 09:11:32 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Descanso tão prolongado,
Em que se vive adormecido.
Não é por ninguém desejado,
Mas por alguns era merecido.

Mas aqueles que o merecem,
Quase sempre cá não estão.
E os que cá aparecem,
Muito poucos eles são.

E os que cá aparecem,
Pouco tempo cá estão.
Pois logo desaparecem,
Para fora da prisão.

Os que não mereciam,
Aqui ficam a sofrer danos.
E nunca beneficiam,
De nenhum perdão nos anos.

Os pobres estão esquecidos.
Anos e anos a fio.
E na rua só são metidos,
Quando já não têm brio.

E vivem aqui encolhidos,
Com medo que o frio os gele.
Pois foram os escolhidos,
Para sentirem na pele.

Os melhores anos da vida,
Ficaram aqui perdidos.
Porque até ao dia da saída,
Ficaram aqui esquecidos.

Esta verdade é bem triste.
E difícil de aguentar.
Mas é aquela que existe.
E com ela tens que contar.

Se quiseres daqui sair,
E se isso queres atingir.
Ainda tens que andar a rir,
Mesmo que seja a fingir.

Podridão armazenada.
Nestes armazéns medonhos.
Humanidade escravizada,
Que perdeu todos os sonhos.

Só um cego é que não via,
Que a justiça, é mesmo cega.
Prende os que não devia,
E aos pobres, ela se nega.

É tal como as putas finas.
Que não andam nas avenidas.
Não atacam ás esquinas,
Mas fazem-no ás escondidas.

zeninumi 19/7/2007




















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