INSETO

Data 14/03/2010 13:51:41 | Tópico: Sonetos

Eu sou uma metamorfose de Kafka,
No suor da minha existência estática;
Rastejo através do entulho que sou,
Talvez um papel rasgado por Poe.

Proveniente de um fingido flerte,
Personagem descartado de Goethe;
Mesclo minha peçonha ao teu papel,
Tu que me lês com teu nocivo fel.

Vivo a partir do que me transformei,
Daquilo que não faz parte da lei
E do asco que por mim agora tenho.

Esfarela-me por misericórdia,
Que meu traço viscoso de discórdia
Já se encontra desprovido de engenho.

(Luciene Lima Prado)


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