MERGULHO POÉTICO

Data 16/03/2010 20:41:48 | Tópico: Sonetos

Em um barco que não navega mais,
Eis que, nessas águas densas, mergulho;
E quando escuto dos pombos o arrulho,
Eu me esqueço, ao despontar dos corais.

Eu sou meu próprio movimento sólido,
Dentro destas águas tão ilusórias;
Porque a verdade são minhas memórias,
E o que está fora parece frio e mórbido.

Houve uma época de devaneio,
Eu desejei voar com as gaivotas;
Porém, muito peso eu tinha nas costas.

Eu que não tenho a leveza das vagas,
No meu velho corpo-alma ao mar me escoro;
O barco se foi... Sou eu só, poro a poro.

(Luciene Lima Prado)



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