As Falésias entre nós

Data 18/03/2010 09:22:45 | Tópico: Poemas



As Falésias entre nós

(Ano 2008, Painel em caneta de ouro e cristais sobre cartolina preta, 70x50 cm)

Não gostava de te ver partir.
Não vás hoje.
Aguarda pelo carro celeste que te entregará aos céus. No cansaço da espera aguardo em mim pelo brilho das estrelas.
Há um tempo que passa e não regressa. As águas movem-se em mim. Dentro do meu sangue.
Absorvo em desespero o ar que já respiraste e não me arrependo de ser eu mesmo.
Aquele que se declara ao mundo e nada dele espera.
Já abri as portas às tempestades e colhi alecrim nas encostas atrás da casa.
Nas trovoadas nas noites claras amadurecidas pela chuva encosto-me em ti e vejo os dias passarem.
Sem que as névoas nada me prometam. Sem saber ou ser aquilo que queres que eu seja.
Deixo-me assim. Ao abandono. Mendigando pela fome. Pela fome de um sentimento teu.
De um olhar que tudo fará passar.
De um abraço que dará calor à minha pele.
Obscureci.
Inebriei-me do sentimento e caí, esquecido, na noite,
por entre as falésias entre nós que teimam em passar...




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