
APENAS SONHOS - Cordel
Data 19/03/2010 05:22:57 | Tópico: Poemas
| Fiz da vida uma saudade dos amores que nunca tive do tempo que nunca existiu do ímpeto que não contive doçuras nunca impossíveis semblantes sempre invisíveis tantos clamores de quem vive
Não alcei meus olhos ao luar nas noites de tantas estrelas sem mãos não podia pegá-las sozinho não pude retê-las meu rosto todo embaçado um menino atarantado mas nunca fiz por merecê-las
Feito criança choraminguei olhando a injustiça crescer os homens trucidando homens o mundo prestes a desaparecer as calamidades chegando os imbecis continuando as devastações sem se conter
Os tantos castelos que pintei a todos na areia construí na fantasia me embalei desenhei o futuro que eu vi mas o vento, muito invejoso, numa rajada, desastroso, matou os sonhos que eu vivi
Arrebanhou ondas e marolas em bravios mares sedutores ergueu titânicas muralhas em tantas tardes incolores então meus devaneios de papel evaporaram rumo ao léu e lá se foram os meus amores
Fiquei pensando, distraído: que é da música que eu dancei dos meus ocasos esquecidos dos passarinhos que escutei dos meus sorrisos que morreram palavras que emudeceram dos desatinos que já ousei?
Para o mundo não trouxe bula tentando explicar o que eu sou nenhum manual explicando de onde vim ou pra onde vou por isso que não me entendo saber tudo jamais pretendo não está mais aqui quem falou
Fiz uma grande descoberta lá pelos idos do meu viver encontrei a fórmula ideal com ela ninguém mais vai morrer contudo, deixo o porém no ar aos que querem experimentar será preciso nunca nascer
Ah, essas minhas veleidades em papel manteiga montadas com mil confeites coloridos luares de dóceis cantadas oceanos mal-humorados nos galopes desenfreados miçangas que voam safadas
Eu quisera voltar no tempo para, com oportunidade, riscar as manchas do passado que enfeiam a humanidade no holocausto começando essa sujeira apagando plantando amor e caridade de algo morto que não vive
Essas manchas anacrônicas já ficaram na história os homens de boa vontade as conservam na memória que jamais tornem a acontecer e mesmo sem ter como remover não sejam razão de glória
Por isso que faço poemas plantando sementes de amor removendo ervas daninhas não sendo mais que um sonhador e sendo o viver uma ilusão deixemos que fale o coração viver não é sinônimo de dor
Gilbamar de Oliveira Bezerra
|
|