Ponto cego

Data 21/03/2010 02:31:31 | Tópico: Poemas

...Não se incomode em fingir que não está pensando
o mesmo que eu, tudo o que não vi, me afasta do que faço todo dia, arranca o melhor até de um gato selvagem, dorme neo meu sofá de vez em quando, tem pés rápidos como um soluço, corre como o vento. Quantas vezes longe de voce senti o seu perfume, como se ele tivesse vida própria, entrando pela porta, pelas janelas, sentia o coração batendo como se fosse meu. Vivi esse lado cego como um acidente de tránsito, o primeiro trincar de ossos dura de quatro à cinco segundos e as palavras tem gosto de vinagre ao sair da boca
e ainda não estavam livres para ir onde que que fosse. Sair porta afora, mundo fora, pagar e sair,
coragem é uma coisa complicada, atira bem todos os dias, menos nesse e não fica aberta 24 horas.
Voltei à pé para o quarto sentindo o coração parar sem nenhuma explicação, deu uma pirueta e caiu de prantos no chão, soluçando com tanta força, que uma poça de lágrimas se espalhou no chão e me senti leve o suficiente para flutuar
num varal, de repente levantou se, arrumou a roupa
secou o olhar, respirou fundo e anunciou: "Chega de voce!"
Sentindo que o ar podia passar através de mim, virei me de frente ao meu coração e silenciosamente concordei: "Chega!"


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