Porque não choras menino amarrado nas costas da mãe, atado por farrapos de pobreza, que oscilas no dorso vergado que te embala o sono? Porque não choras menino de olhar triste e resignado sem carinho aparente que te descubra o sorriso? Porque não choras menina de mil contas coloridas que adormeces ao sol inclemente na berma dos impacientes que levantam o pó que te suja o corpo e a alma? Porque não choras menina estuprada na viela da inconsciência? Porque não choras menino enjeitado no beco do esquecimento? Porque não choras menina de olhar perdido que deambulas errática pela avenida da saudade? Porque não choras menino que dormes sereno velado pelo murmurar surdo de geradores de casas que não te pertencem?
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