ASSIM OU NÃO
Sento-me contemplando o céu,
Pensando no homem que sou,
O brilho impar morreu,
A inquietude ficou...
Quem serei no Mundo,
Que faço aqui e agora,
Sentado, meditabundo,
Olhando o céu noite fora?
Vejo aquilo que não vejo,
Vejo mesmo o que não és,
A vontade e o desejo,
De ser mar e tu marés!
Sinto o frio duma tortura,
Qu’aquece o meu desalento,
Pra onde foi a doçura,
Trazida nas asas do vento?
Porque me invade a loucura,
Qu’esqueci há tanto tempo?
Onde está teu coração,
Que ao meu roubou o alento?
Já não existe razão,
Resta em nós o sofrimento.
E quando disseste “Não”
Renasceu o meu tormento.
Abandonar-me-ei neste chão
Entre as pedras da calçada,
Por cimo do alcatrão,
Morrerei assim, no nada.
Ou não...?
Beija-Flor